A democracia não se reduz ao momento em que os cidadãos se
dirigem às urnas eleitorais para digitalizar o nome do candidato da sua
preferência, principalmente em uma sociedade marcada pela manipulação
ideológica realizada pelas redes sociais, onde a prática da fake news é
descontrolada. A democracia é um modelo de governo pautado pela vontade
popular, que reflete anseios como liberdade, diversidade, igualdade, dignidade
e respeito às leis e convenções. A garantia dos Direitos Humanos também é
elemento imprescindível para a consolidação de uma democracia. A democracia é
incompatível com a miséria.
Uma nação que não se esforça para oferecer melhores
condições de vida a sua população não pode ser chamada democrática, pois quanto
melhores são a saúde, a educação, a segurança, o meio ambiente e as condições
de moradia de um povo mais solidário e democrático ele se apresenta. A omissão
frente às desigualdades, à fome, ao desemprego, à pobreza e à deterioração
ambiental sedimenta o caminho do colapso político, social, cultural, econômico
e ambiental. A luta pela democracia está estreitamente relacionada com a luta
por direitos e pela melhoria da qualidade de vida de um país.
Em 2025, comemoramos quarenta anos de redemocratização no Brasil. A posse do ex-presidente José Sarney, no dia 15 de março de 1985, marcou o inicio do atual período democrático brasileiro. Grandes expectativas perpassaram esta nova fase, depois de um brutal período de Ditatura Militar, que ceifou direitos, liberdades e muitas vidas. Muito sangue foi derramado nas mãos de cruéis algozes e torturadores para podermos iniciar esta nova fase democrática. Para não retrocedermos ao período obscuro da Ditadura é necessário avaliar a efetividade da nossa democracia e identificar as disposições da nossa sociedade, visando aperfeiçoá-la cada vez mais.
Uma democracia eficiente exige a contribuição de todos,
principalmente daqueles que mais podem aportar na construção de um país mais
justo e solidário, onde todos os seus cidadãos possam ter os seus direitos básicos
garantidos. Ao rejeitar o Projeto de Lei que taxa as grandes fortunas, o
Congresso Nacional mostrou a sua indiferença e desinteresse pela construção de
uma democracia forte no Brasil. Rejeitando abrir mão de um pequeno percentual
dos seus estratosféricos lucros em favor das populações mais pobres, a maioria
que compõe o Congresso Nacional exibe a sua mesquinhez e mostra que não
trabalha pela democracia nem pelos brasileiros.
A rejeição da taxação dos mais ricos confirma a conhecida tese
de que as elites possuem aversão à democracia. Só aceitam aquilo que as
beneficia. Na verdade, elas querem mesmo é colocar o Brasil a seu serviço,
submetendo toda uma nação aos seus interesses espúrios. Dominando a maioria do
Congresso Nacional, estas elites econômicas bloqueiam o processo democrático
brasileiro, rejeitando a noção de bem comum, que é necessária para que haja qualquer
sentimento de solidariedade com os que mais sofrem.
A violência do Estado que mata a sua população é resquício
do período ditatorial que ainda subjaz à política brasileira. A chacina
coordenada pelo governo do Rio de Janeiro contra a população das favelas
cariocas é expressão desta democracia bloqueada. Aqueles que rejeitaram a
taxação dos mais ricos são os mesmos que atribuem sucesso à maior matança do
Brasil realizada no Rio de Janeiro nos últimos dias. A omissão do Congresso
Nacional que rejeita a taxação das grandes fortunas, reforçando a pobreza e a desigualdade
social brasileira, é correlata à ação truculenta do Estado que tortura e
assassina as populações mais vulneráveis, nos lugares mais pobres. A ligação
entre estes acontecimentos salta às vistas!
A produção e perpetuação da pobreza engendrada pelas elites brasileiras através da ação orquestrada no Congresso Nacional também se expressa na violência do Estado que anula as vidas dos mais pobres, inviabilizando as chances e as oportunidades de milhares de pessoas ao longo do território nacional. Os tiros que ceifaram aquelas vidas foram disparados em Brasília quando os congressistas rejeitaram a oportunidade rara de fazer um país mais justo e igualitário, capaz de garantir direitos básicos às populações periféricas do Brasil.
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É necessário avaliar a nossa democracia para torná-la mais
efetiva, realizando os anseios de dignidade dos brasileiros e priorizando os
seus direitos constitucionais frente aos ataques elitistas e autoritários. É
preciso trabalhar para a transformação do Congresso Nacional, através da
eleição de pessoas realmente comprometidas com o bem da população,
principalmente a parte mais vulnerável que tem sido vítima da ganância das
classes endinheiradas que comandam a maioria dos congressistas brasileiros.
Amazonas Atual - https://amazonasatual.com.br/a-taxacao-dos-ricos-a-democracia-bloqueada-e-a-violencia-de-estado/



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