Por Rodrigo Lima,
Diretor do Instituto Amazônia Livre e Delegado pelo Amazonas
1.
Introdução: Um Processo Coletivo e
Preparatório
Desde o segundo semestre de 2024, o
Instituto Amazônia Livre, em parceria com a Associação dos Ambientalistas do
Amazonas (AMA), liderou articulações fundamentais para assegurar uma
participação qualificada do Amazonas na 5ª Conferência Nacional de Meio
Ambiente (CNMA). Junto ao Superintendente do IBAMA no Amazonas, Joel Araújo, e
aliados como o Instituto Sumaúma (Augusto Leite e Fátima Barbosa), o Fórum das
Águas (Pe. Sandoval), o Núcleo Socioambiental (Rosi Batista) dentre outros,
organizamos conferências municipais, estaduais e livres. Esses espaços foram
cruciais para consolidar propostas que refletissem as urgências da Amazônia,
como o combate ao desmatamento, a justiça climática e a transição ecológica.
Em dezembro de 2024, a Conferência
Municipal de Manaus elegeu 46 delegados, e em março de 2025, a 5ª Conferência
Estadual do Amazonas selecionou 28 delegados, totalizando 65 representantes
para a etapa nacional. Essa mobilização plural — incluindo indígenas,
pesquisadores, gestores públicos e ativistas — demonstrou a força da sociedade
civil amazonense na defesa do bioma.
2.
Atuação em Brasília: Estratégia e
Conquistas
Na conferência nacional, realizada no
CICB em Brasília (6 a 9 de maio de 2025), nossa delegação atuou em eixos
temáticos estratégicos. Fui designado para o Eixo 3: Justiça Climática, onde
participei ativamente do GT 22 (Contrapartidas e Compensação Socioambiental).
Nesse espaço, defendi a proposta 3.4.12, que prevê taxar grandes fortunas para
financiar políticas climáticas, direcionando recursos a comunidades vulneráveis.
Essa proposta alia justiça social e ambiental, tema caro ao Amazonas, onde
populações tradicionais sofrem com os impactos das mudanças climáticas.
Destaques das Propostas Aprovadas
- Proposta 5.13.2 (Eixo V): A mais votada da
conferência (352 votos), exigindo 5% do orçamento público para ações
ambientais, incluindo fiscalização e educação climática. Essa vitória reforça a
necessidade de priorizar o meio ambiente nas políticas públicas.
- Proposta 2.3.1.P (Eixo II): Criação
de brigadas florestais comunitárias (3ª mais votada, com 220 votos), essencial
para o Amazonas, onde incêndios e desmatamento exigem respostas locais.
- Proposta 3.4.8 (Eixo III): Fundos
climáticos para reparação de comunidades vulneráveis (6ª mais votada, com 130
votos), alinhada à luta por direitos territoriais.
Esses resultados mostram como a
delegação amazonense influenciou a agenda nacional, garantindo que temas como
financiamento ambiental, participação comunitária e justiça climática fossem
priorizados.
3.
Diálogos e Reconhecimento
A CNMA foi também um espaço de
reencontros e alianças. Tive a honra de reencontrar minha professora Rita
Mesquita (INPA, atual Secretária de Biodiversidade do MMA), Daniel Munduruku
(referência na luta indígena) e Pedro Ivo do GTA, além de fortalecer parcerias
com delegados como Airton Neto (Amapá), Maurício Freitas (Sergipe) dentre
outros. Essas conexões reforçam a união nacional em prol de um projeto comum.
O discurso das ministras Marina Silva
(Meio Ambiente) e Margareth Menezes (Cultura) destacou a intersecção entre
cultura e sustentabilidade, lembrando que a defesa da floresta passa pelo
reconhecimento dos saberes tradicionais. Marina enfatizou: "Não há futuro
sem a Amazônia viva", ecoando nossas demandas por políticas concretas.
4.
Conclusão: Um Marco para a Política
Ambiental
A 5ª CNMA foi um marco na
democratização das políticas ambientais. O Amazonas, representado por uma
delegação plural e articulada, colocou a Amazônia no centro do debate, com
propostas que combinam exigibilidade financeira, inclusão social e inovação
institucional.
Como delegado, saio com a certeza de
que a pressão da sociedade civil é irreversível. As propostas aprovadas —
especialmente a destinação de 5% do orçamento para o meio ambiente — são
vitórias coletivas, mas exigiremos monitoramento e mobilização para sua
implementação. O Instituto Amazônia Livre e a AMA seguirão firmes nessa
jornada, pois, como dizemos no movimento: "A
luta ambiental não é só pela floresta viva, é por um projeto de país."
Rodrigo Lima
Delegado pela 5ª CNMA e Diretor Presidente do Instituto Amazônia Livre
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