No dia 28 de maio, o Fórum das Águas realizou mais uma
oficina nos bairros de Manaus. Desta vez, o coletivo esteve no bairro João
Paulo II, Nova Cidade, zona norte da capital amazonense. No local, o coletivo
foi recebido pela Associação Organizada por Moradia do Norte (ASSOMON), cuja
sede esteve lotada de associados para participar do debate sobre os direitos
humanos à água e ao saneamento. Em um ambiente de aprendizado e reivindicações,
os participantes refletiram sobre a luta pelo direito à água e saneamento em
Manaus, na Amazônia e no Brasil.
A iniciativa das oficinas nos bairros tem sido apoiada pela
Organização Habitat para Humanidade Brasil, que trabalha pela promoção dos
direitos urbanos em várias cidades do país. Na região amazônica, a Habitat atua
nos estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Amapá e Tocantins. Neste
sentido, a Organização tem contribuído com o Fórum das Águas do Amazonas na
realização da sua missão em Manaus, promovendo os direitos humanos à água e ao
saneamento em prol das populações mais pobres.
Provocados pelas exposições, audiovisuais e conversas
orientadas, os moradores acessaram informações sobre o cuidado das águas e
revelaram que vivem graves situações de precariedade nos serviços de
abastecimento de água e a ausência do esgotamento sanitário na comunidade.
Diversas lideranças denunciaram que diariamente grande parte do bairro fica sem
água a partir das 22h, permanecendo impossibilitados de realizarem as necessidades
básicas. Um deles frisou que se houver um incêndio depois desta hora não podem
fazer nada para resolver a questão, tendo que se submeter a graves riscos de
vida.
Outros reclamaram que com frequência sofrem interrupções no
abastecimento. Complementaram ainda que a água não chega às suas casas, mas a
fatura é pontual, não falta. Outros perguntaram pela Agência Reguladora,
manifestando-se indignados pela omissão deste órgão frente a inoperância da
concessionária Águas de Manaus. Outros ainda destacaram que é normal faltar água
durante o fim de semana. A população presente também refletiu sobre a falta de
encaminhamentos das três CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) instauradas
na Câmara Municipal de Manaus para averiguar as irregularidades da concessão
privada dos serviços de água e esgoto.
Diante de tantas reclamações, uma das lideranças destacou
que é preciso que a comunidade se organize para exigir os seus direitos
básicos. É necessário que a moradores façam os poderes públicos ouvirem os
gritos das periferias e dos bairros mais pobres da cidade. O acesso a estes
direitos será possível somente através de muita luta travada pelas populações
mais vulneráveis contra aqueles que mantêm a água como um privilégio de poucos.
Em um lugar em que a água é privatizada a população é explorada, mesmo
consumindo pouca água. A história dos direitos humanos sempre envolveu muita
disposição de lutar e a capacidade de organização.
Amazonas Atual - https://amazonasatual.com.br/forum-das-aguas-no-bairro-nova-cidade/
IHU Unisinos - https://www.ihu.unisinos.br/653376-forum-das-aguas-no-bairro-nova-cidade-artigo-de-sandoval-alves-rocha
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