No dia 21 de junho, o Fórum das Águas do Amazonas realizou
mais uma intervenção na Praça Heliodoro Balbi, centro da cidade. A 10ª Tribuna
das Águas teve como tema Ecologia Integral e a Defesa das Águas. Diversas
organizações participaram do evento entre as quais estava a comissão de defesa
dos igarapés, o colégio Amazonense, o instituto Iberr, instituto mãos que criam
arte, a Associação dos docentes da Ufam, o coletivo Salve o Parque dos
Bilhares, o coletivo Periferia Amazônia, o coletivo GTA, o Instituto Sumauma, o
Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação socioambiental, o movimento Elas
por Elas com Eles e Coletivo Amigos da Praça.
Através desta iniciativa o Fórum das Águas levou para a
Praça a discussão sobre as limitações do sistema econômico capitalista que tem
incentivado a produção ilimitada de riquezas, à custa da espoliação humana e da
devastação ambiental. Frente aos desastres sociais, ambientais e culturais, o
coletivo propôs a adoção dos princípios da ecologia integral, que implica a
busca de um equilíbrio entre as dimensões econômicas, sociais, culturais e
políticas. Somente através deste equilíbrio podemos proteger as condições
necessárias para a vida no planeta. A prevalência da busca do lucro e do ímpeto
economicista sobre as outras dimensões tem causado graves problemas sociais e o
colapso do planeta.
Para os participantes da X Tribuna das Águas, as mudanças climáticas são resultados da ação individualista e gananciosa do ser humano que não se compromete com o bem comum nem com os Direitos da Natureza. Nesta dinâmica, as instituições e empresas públicas são desvalorizadas e desmontadas em nome da iniciativa privada que promete eficiência e responsabilidade, mas na prática não chegam a cumprir com tais expectativas. Assim, a devastação das águas é consequência direta da atuação do agronegócio, da mineração, da construção de hidrelétricas, do garimpo ilegal, do assoreamento dos rios, do desmatamento e outras atividades predatórias.
Sobre esta questão, a Tribuna destacou a falta de água
potável em vários países, no Brasil e na Amazônia. Um dos palestrantes frisou
que quando há água potável ela se apresenta com baixa qualidade, prejudicando os
consumidores mais vulneráveis. Esta situação tem gerado graves conflitos
entre países, grandes empresas e cidadãos. Diante disto, é urgente que os
poderes públicos se empenhem na universalização dos serviços de abastecimento
de água e esgotamento sanitário, superando a ideologia da privatização que já
tem mostrado a sua inviabilidade em vários países do mundo, inclusive na cidade
de Manaus.
Segundo a liderança, a agricultura, o agronegócio e os
conglomerados internacionais são os que se apropriam da maioria das águas, não
pagando impostos ou recebendo múltiplos benefícios fiscais sem oferecer
serviços de qualidade e ainda contribuindo com a poluição dos corpos hídricos.
Outra liderança alerta para que a sociedade faça a sua parte na
construção de um mundo mais harmônico. Neste sentido, é necessário que cada
pessoa e organização dê a sua colaboração neste processo de transformação global. Não é
possível admitir a omissão dos poderes públicos e das agências reguladores
neste combate às mudanças climáticas sob o risco do desaparecimento da vida no
planeta.
Outras lideranças destacaram a importância da educação
ambiental, não somente para resolver o problema das águas, mas também para
curar as feridas da terra. Ações que incentivam a reciclagem devem ser
multiplicadas em todas as partes do país, sobretudo no seu aspecto mais prático.
Para isso, seria necessário criar órgãos e departamentos públicos com
responsabilidade direta sobre as questões ambientais, incluindo a reciclagem, a
compostagem e a limpeza pública. A preservação dos rios e igarapés depende
desta educação ambiental que implica o envolvimento de todos.
Os participantes da Tribuna também se mostraram
preocupados com as estiagens que se abateram no território amazônico nos
últimos anos. São fenômenos com os quais a população não está acostumada,
promovendo desespero e preocupação com as gerações futuras. Os efeitos das
secas nas cidades, nas florestas, nas águas não deixaram ninguém intacto,
necessitando que as autoridades públicas tomem medidas de prevenção e cuidados
com os rios da região. Para os palestrantes é urgente que debates e boas
práticas sejam adotadas nas escolas, praças, universidades, empresas,
movimentos sociais e órgãos públicos visando sensibilizar a sociedade
sobre a gravidade da problemática.
A mobilização também chamou a atenção dos conflitos no
Oriente Médio, envolvendo Israel, Palestina, Irã e Estados Unidos da América.
Os participantes demonstraram indignação pela violência praticada na região e incentivada
pela maior potência mundial a partir de ações irresponsáveis do governo de
extrema-direita liderado por Donald Trump. Em uma só voz, os presentes
externaram sua posição com o grito: “Do rio ao mar Palestina livre já. Vidas
inocentes não podem ser perdidas por motivos tão mesquinhos. É necessário o
envolvimento de todos para a construção da paz mundial!
A Tribuna das Águas também fez referência a Conferência Municipal das Cidades, que aconteceu na Universidade Estadual do Amazonas (UEA). No evento, representantes de todos os setores da sociedade manauense fizeram propostas de políticas públicas visando construir uma cidade mais justa, democrática e sustentável.
Amazonas Atual - https://amazonasatual.com.br/decima-tribuna-das-aguas-discute-ecologia-integral/
IHU Unisinos - https://www.ihu.unisinos.br/653835-x-tribuna-das-aguas-discute-ecologia-integral
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