De 06 a 09 de maio, o Ministério do Meio Ambiente realizou a
5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente em Brasília. Quebrando um jejum de 11
anos, a atividade reuniu mais de 1.500 delegados de todo o país, eleitos
previamente nas conferências estaduais, municipais e livres. Segundo o MMA,
foram realizadas mais de 900 conferências ao longo do território nacional,
mobilizando diretamente 2.570 municípios contra a emergência climática. A
ministra do Meio Ambiente Marina Silva esteve no evento, juntamente com outros
atores políticos, como o vice-presidente da república José Alckmin e outros
ministros de Estado.
A mobilização aconteceu no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), palco de intenso trabalho por parte dos delegados e representantes do Ministério do Meio Ambiente. A 5ª CNMA marca a retomada da governança participativa, que discutiu propostas referentes aos eixos temáticos: mitigação, Adaptação e preparação para desastres, Justiça Climática, Transformação ecológica, Governança e educação ambiental. Apresentações culturais e palestras sobre estes temas também abrilhantaram a Conferência Nacional, como a exposição do pesquisador Carlos Nobre.
O Fórum das Águas do Amazonas participou da delegação que
representou o Estado do Amazonas, levando para o evento as reivindicações
relacionadas ao cuidado e gestão das águas da Amazônia. O coletivo destacou a
degradação dos recursos hídricos e a violação dos direitos humanos à água e ao
saneamento causadas pelo desenvolvimento predatório e pela política de
mercantilização do saneamento que avança na região, prejudicando as populações
mais vulneráveis das cidades, do campo e das florestas.
Das 2.653 propostas provenientes das diferentes localidades brasileiras, primeiramente as 100 mais importantes foram escolhidas pelos delegados e delegados presentes. Posteriormente, foram entregues a Marina Silva as 10 mais importantes propostas para orientarem os esforços do Ministério do Meio Ambiente ao longo dos próximos anos. As propostas são:
1 – Garantir a destinação de no mínimo 5% do orçamento dos
entes da Federação (União, Estados e Municípios), em face da emergência
climática, para implementação da Política Nacional do Meio Ambiente, com ênfase
nas ações de gestão, fiscalização, restauração florestal e educação ambiental e
climática;
2 – Implementar a educação ambiental decolonial crítica e
transformadora como prática integrada, contínua e permanente em todos níveis e
modalidades de ensino, de forma inter e transdisciplinar e conectada aos
territórios, integrada a temas como historicidade, justiça social e climática,
racismo ambiental, saberes tradicionais, mitigação, adaptação, consumo
consciente, cultura oceânica e saúde única;
3 – Fortalecer as brigadas florestais, por meio da criação
de um Sistema Nacional de Brigadas populares, voluntárias, independentes e
comunitários com brigadistas formados e capacitados permanentemente em
prevenção, combate a incêndios, garantindo recursos orçamentários e atuação
contínua, através de parcerias municipais, estaduais, federais e setor privado;
4 – Criar política nacional sobre os direitos dos animais,
incluindo a proteção em desastres climáticos, prevendo a instituição de
conselho específico paritário e fundo com dotação própria voltado para resgate,
reabilitação, formação de equipes especializadas e apoio a instituições
públicas e privadas envolvidas no manejo ético destes animais;
5 – Criar o Programa Nacional de Justiça Climática que
promova ações equitativas de adaptação e mitigação, garantindo segurança
alimentar, habitação sustentável e soluções baseadas na natureza, especialmente
para populações vulnerabilizadas, incluindo fundos municipais de emergência,
proteção a defensores de direitos humanos e ambientalistas e apoio
psicossocial, assegurando ampla participação social;
6 – Implementar, através da lei, taxação progressiva sobre
grandes fortunas, para financiar políticas climáticas, promovendo adaptação,
segurança alimentar e redução de desigualdades em comunidades vulnerabilizadas,
com foco na preservação ambiental e em projetos de reabilitação dos animais;
7 – Fomentar a agricultura sustentável e regenerativa em
todo o país, priorizando a agricultura familiar e a regularização fundiária,
por meio de sistemas agroflorestais, práticas agroecológicas, uso de adubo
orgânico e bioenergia, recuperação de áreas degradadas, com foco em apicultura
e meliponicultura, e manejo integrado nos territórios;
8 – Implementar gestão integrada de resíduos sólidos com economia
circular, fortalecendo cooperativas e associações de catadores, logística
reversa e compostagem. Criar ecopontos, biodigestores e centrais de reciclagem,
com catadores remunerados, banir plásticos de uso único e promover embalagens
retornáveis. Incentivar inovação em materiais recicláveis, capacitar setores
para práticas sustentáveis e garantir fiscalização eficiente;
9 – Construir plano nacional de regularização fundiária e
cogestão socioambiental de territórios indígenas, quilombolas, ribeirinhos e
demais comunidades tradicionais e periféricas junto a um amplo sistema de áreas
protegidas acelerando demarcação e homologação de territórios indígenas,
titulação de territórios quilombolas, fiscalização e proteção contra crimes
ambientais, e valorização do conhecimento ancestral;
10 – Fomentar políticas públicas, com o fortalecimento dos Comitês de Bacias Hidrográficas, visando melhorar a qualidade das bacias, tendo as sub-bacias como unidade territorial, promovendo a limpeza e despoluição dos rios.
Através deste evento, o Fórum das Águas do Amazonas, representado por várias de suas lideranças, contribuiu nos debates da 5ª CNMA desempenhando importante papel na exposição dos conflitos hídricos em curso na Amazônia e denunciando as políticas antiambientais que assolam o bioma, os territórios e os povos amazônicos. Além de defender o fortalecimento dos serviços públicos, a organização destacou a necessidade de proteger das lógicas mercantis o acesso aos direitos fundamentais, como o abastecimento de água e o esgotamento sanitário.
Amazonas Atual - https://amazonasatual.com.br/forum-das-aguas-representa-o-am-na-conferencia-do-meio-ambiente/
IHU Unisinos - https://www.ihu.unisinos.br/652824-forum-das-aguas-representa-o-amazonas-em-conferencia-nacional-do-meio-ambiente-artigo-de-sandoval-alves-rocha


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