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Fórum das Águas realiza conferência do meio ambiente em Manaus

No dia 14 de janeiro, o Fórum das Águas do Amazonas promoveu a Conferência Livre do Meio Ambiente, no Centro de Formação da Arquidiocese de Manaus. A iniciativa responde ao convite do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, que tem estimulado a sociedade civil à participação nas discussões a respeito das questões ambientais abordando os eixos: 1) Migração, 2) Adaptação e preparação para desastres, 3) Justiça Climática, 4) Transformação ecológica e 5) Governança e educação ambiental.

Destacaram-se as organizações presentes no evento: Associação dos Movimentos Ambientais do Amazonas, Casa Amazônica de Francisco e Clara, Catequese da Arquidiocese de Manaus, Comunidades Eclesiais de Base, Eco Cooperativa, Fórum Permanente em Defesa do SUS, Instituto Amazônico de Cidadania, Instituto Sumaúma, Juntos pelo Igarapé do Gigante, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Atingidos por Barragens, Movimento dos Trabalhadores Desempregados, Partido Socialista e Liberdade, Pastoral Social e Familiar, Rede Amazônica Asoveam, União Nacional por Moradia Popular, Universidade Federal do Amazonas, Universidade Estadual do Amazonas, entre outras.

Em articulação com as organizações integrantes, o Fórum das Águas realizou o evento facultando as discussões sobre os eixos 3) Justiça Climática e 5) Governança e educação Ambiental.  Sob a mediação do professor Pedro Paulo Soares (Ufam), as palestras que motivaram o debate foram realizadas pela historiadora Gleice Antônia de Oliveira e a professora Ivânia Maria Vieira (Ufam). As docentes abordaram os principais desafios para realização da Justiça Climática e a efetivação da Educação ambiental na Amazônia, destacando a fragilidade e até a ausência de políticas públicas que tratam destas questões no território.

Organização empenhada na luta pelos direitos humanos à água e ao saneamento e preocupada com a gestão dos recursos hídricos na Amazônia, o Fórum das águas encontrou na Conferência Livre um espaço para debater com a sociedade civil a necessidade da elaboração e implantação de políticas públicas voltadas para a realização da Justiça Climática, uma vez que os conflitos socioambientais provocados pelo modelo econômico dominante têm prejudicado desproporcionalmente as populações mais empobrecidas. Tais conflitos são causados pelas elites econômicas locais e internacionais, prejudicando principalmente as populações mais vulneráveis.

A qualidade de vida destas populações sofre gradual deterioração nas últimas décadas, sendo afetadas pelos processos de degradação ambiental provocada pela ação destruidora das atividades produtivas de alta pressão sobre os recursos naturais, quais sejam, o agronegócio, a mineração, as usinas hidrelétricas, construção de estradas, a agropecuária, a extração e produção petrolífera. Se de um lado, estes empreendimentos produzem desenvolvimento econômico beneficiando grandes empresários e outras elites, de outro lado, estas iniciativas têm gerado pobreza, desigualdades, migrações forçadas, violência, escassez hídrica e devastação ambiental. A deterioração ambiental causada por estas atividades fragilizam cada vez mais as condições de vida dos setores sociais mais pobres, mostrando a necessidade da justiça climática.

Este cenário tem levado o Fórum das Águas a reivindicar a reconfiguração do modelo de governança, tornando-o mais democrático e atento à realização da justiça climática. A elaboração de políticas públicas voltadas para a implantação da educação ambiental se impõe como uma medida urgente para a construção de sociedades sustentáveis. Esta educação exige uma mudança radical na forma como vemos a natureza, colocando em curso a substituição de uma visão utilitarista e antropocêntrica por uma abordagem integrada e biocêntrica.

A natureza não nos pertence, mas nós pertencemos à natureza. É urgente que alteremos a nossa concepção de que tudo pode ser integrado ao mercado e manipulado para servir aos interesses econômicos. Para construir uma sociedade sustentável, é necessário que a mentalidade economicista e competitiva ceda lugar à razão cooperativa, em que o ser humano não se posiciona fora ou contra a natureza, mas fazendo parte dela.

A Conferência do Fórum das Águas do Amazonas visa levar propostas para as conferências estaduais e para a conferência nacional do meio ambiente, contribuindo para a gestação de sociedades ambientalmente sustentáveis, em que todos os grupos sociais (inclusive as próximas gerações) possam usufruir das belezas e benefícios naturais através de uma convivência respeitosa com os limites e as dinâmicas vitais do ecossistema.

Amazonas Atualhttps://amazonasatual.com.br/forum-das-aguas-realiza-conferencia-do-meio-ambiente-em-manaus/

 

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