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Seca na Amazônia: Fórum das Águas mobiliza organizações socioambientais

No último dia 09 de agosto, o Fórum das Águas do Amazonas reuniu os movimentos socioambientais de Manaus para discutir o problema da seca. O encontro ocorreu no Centro de Formação da Arquidiocese de Manaus, agrupando variadas organizações, que se mobilizam para melhorar as condições de vida do povo amazônida. O coletivo prevê que a seca de 2024 afetará negativamente o cotidiano dos povos das cidades, das florestas e das águas. Os participantes ouviram depoimentos provenientes de diversas partes do Estado e refletiram sobre os cenários estipulados por estudiosos da questão.

De acordo com o coordenador do Fórum das Águas, padre Sandoval Alves Rocha, o evento é resultado de ações desenvolvidas pelo Coletivo, que está sensibilizado pelos efeitos da seca e intervenções humanas desastrosas na região. No ano passado, mais de 630 mil pessoas foram afetadas pela estiagem e há perspectivas de que neste ano as consquências sejam mais severas. Para ele, é necessário mobilizar a sociedade e os poderes públicos para atuarem em conjunto visando reverter os processos que desencadeam as Mudaças Climáticas.

O Fórum das Águas, que atua na luta pelos direitos humanos à água e a saneamento, percebe a necessidade de uma mobilização da sociedade e dos poderes públicos para enfrentar as crises climáticas e garantir os direitos básicos dos cidadãos. Há o consenso de que estes problemas devem ser objetos de uma profunda discussão envolvendo todas as esferas da sociedade, principalmente as populações mais vulneráveis e afetadas pelas calamidades. A esperança é de que esta reflexão conjunto possa gerar novos entendimentos sobre as questões e impulsionar relações sustentáveis com a natureza, ensejando reverter os processos de degradação socioambiental na Amazônia e no mundo.

No evento, comunidades do interior do Amazonas, como Tabatinga, Benjamim Constant e Manicoré foram convidadas a relatar a precarização da vida cotidiana causada pela falta de chuva e descrever o estado de abandono em que se encontram, provocada pela omissão dos poderes públicos municipais, estaduais e federais. As lideranças dessas comunidades direcionaram protestos e apelos aos governos para se mobilizarem visando prevenir tais situações através de políticas públicas eficientes. A vazante dos rios nestas regiões se encontra em estágio avançado, comprometendo a vida das pessoas, dos animais e da biodiversidade.

Comunidades da periferia de Manaus também foram destaques no evento. Lideranças da Comunidade Santa Luzia, do bairro Puraquequara, expuseram a situação da falta de água na localidade, assim como as consequências da vazante do Rio Negro e a sua poluição por parte de empresas instaladas no território. As lideranças relataram o sofrimento da população e a falta de apoio por parte dos órgãos públicos. Para sobreviver, os moradores são obrigados a recorrer a diversas estratégias, como produção e venda de artesanato e ações comunitárias. Ademais, identificaram a solidariedade como um poderoso mecanismo humano de transformação, acessível a todas as pessoas e instituições da sociedade.

Cientistas foram convidados para expor os cenários da seca no Amazonas: o biólogo e professor Welton Oda (UFAM) e o biólogo e pesquisador Lucas Ferrante (INPA). O primeiro destacou os impactos da seca na saúde pública, assim como possíveis formas sustentáveis de gestão ambiental no campo e nas cidades. O segundo sublinhou os impactos destrutivos das ações empresariais e governamentais sobre o meio ambiente na Amazônia. Grandes projetos que exercem forte influência no território, beneficiando uma pequena elite econômica e gerando prejuízos para a maioria da população e meio ambiente. Essas intervenções desastrosas ganham materialidade nas grandes rodovias, hidrelétricas, mineradoras, agronegócio, estações portuárias e complexos industriais.

O encontro finalizou com trabalhos em grupos, em que os participantes partilharam entre si as percepções sobre a seca e sugeriram ações para serem trabalhadas em conjunto com os poderes públicos, nas áreas da Alimentação, Infraestrutura, Logística e Saúde. Ações de curto, médio e longo prazo, que colaboram na solução dos problemas socioambientais e permitem atuar sobre os impactos das mudanças climáticas, especialmente da seca na Amazônia.

ASCOM ARQUIDIOCESEhttps://arquidiocesedemanaus.org.br/








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