A história da região amazônica a
partir da chegada dos europeus no século XVI é marcada pela exploração dos
recursos naturais para beneficiar empresas e nações do Velho Continente. Ao
aportarem neste território, logo perceberam o grande potencial exportador da
Amazônia, focando primeiramente na extração das chamadas “drogas do sertão”,
que eram produtos regionais apreciados pelos europeus e encontrados na Floresta,
como a canela, o guaraná, o anil, a salsa, o urucum, a noz de pixurim, o pau-cravo,
o gergelim, o cacau, a baunilha e a castanha. Deste o começo, a empresa
colonizadora ignorava ou demonizava os valores locais, as culturas e povos
originários, pois estavam interessados unicamente na riqueza que a Amazônia podia
oferecer.
A busca pelas riquezas da região
inspirou o surgimento de lendas como o eldorado amazônico. O eldorado
representava as expectativas europeias de encontrar metais preciosos que
poderiam ser apropriados por quem os encontrasse, impulsionando perigosas
expedições pelo território. Segundo a lenda, no coração da floresta amazônica
reluzia uma cidade com prédios e telhados dourados, habitadas por índios, que
tomavam banho de ouro em pó às margens de lagos de ouro. Em diferentes épocas e
circunstâncias, a empresa exploradora atuou no território amazônico em busca de
riquezas de diferentes espécies, se destacando também a busca pelo látex, tão apreciado
na Europa e nos Estados Unidos.
A partir do século XX, as
riquezas naturais da Amazônia continuaram atraindo os olhos das empresas e
potências internacionais, que precisam dos produtos regionais para uso imediato
ou reservas para o futuro. Os grandes projetos amazônicos, financiados por
governos brasileiros e multinacionais também buscavam e buscam se apropriar dos
recursos naturais do território para beneficiar outras regiões do país e do
mundo, transformando a Amazônia em uma fronteira do mercado nacional e
internacional. O espaço continua sendo um lugar a ser saqueado. Mudaram somente
as formas de exploração e as tecnologias utilizadas.
A transformação da natureza em
mercadoria para potencializar o mercado capitalista e ampliar a capacidade
competitiva do Brasil tem impulsionado a exploração irracional da Amazônia,
colocando o bioma em perigo de extinção. A produção e exportação de commodities
a partir da exploração de espécies naturais multiplicam as ações das
mineradoras, das indústrias farmacêuticas, das indústrias eletroeletrônicas, das
usinas hidrelétricas, das madeireiras, do agronegócio, da agropecuária, das empresas
de fornecimento de água e até da comercialização do ar (créditos de carbono) e
da vida (biodiversidade).
A ânsia exploradora rompe todos
os limites, alterando o território e transformando a Amazônia em uma grande feira
livre, onde o que importa é o lucro. Investindo contra a natureza, contra os
direitos fundamentais dos povos e comunidades, contra as culturas tradicionais
e contra os projetos locais, a atuação desta empresa colonizadora e saqueadora
promove a aceleração das mudanças climáticas e a deterioração do território. A
ganância ilimitada, o consumismo irracional e o negacionismo ecológico
inviabilizam a existência do bioma amazônico, tornando o futuro do planeta uma
incógnita.
Sob este regime do mercado não há
saída confiável, pois ele beneficia somente uma elite endinheirada, eternizando
a desigualdade, ampliando a pobreza e destruindo o meio ambiente. Os desastres
ambientais apontam para a necessidade de se reinventar as relações entre os
humanos e destes com a natureza. É preciso lembrar que o mercado é somente uma
criação humana. O mercado foi feito para o homem e não o homem para o mercado. Ele
não é o senhor, mas somente um instrumento que pode e deve ser controlado na
medida em que isso é conveniente para a realização da vida humana.
É necessário ampliar a nossa ação e vivência fora do regime da mercadoria. Voltarmos a particar ações em desuso como a gratuidade, a empatia e a hospitalidade. É possível viver para além do mecado. Um novo mundo é possível e necessário!
Amazonas Atual - https://amazonasatual.com.br/a-amazonia-saqueada/
IHU Unisinos - https://www.ihu.unisinos.br/641994-a-amazonia-saqueada
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