Lideranças comunitárias e
ambientalistas que compõem o Fórum das
Águas do Amazonas manifestam preocupação com as atividades mineradoras, que
tendem a ampliar a destruição do bioma amazônico e deteriorar as águas dos
rios, prejudicando o ecossistema e os povos que vivem na região. Entre os
relatos, destacam-se as articulações realizadas pela empresa Potássio do
Brasil, que ambiciona adquirir autorização para extrair potássio em terras
indígenas no Estado do Amazonas.
A corporação empresarial pressiona
os órgãos de proteção e fiscalização para liberar a extração de potássio na
região de Autazes, localizada a 113 km de Manaus. Com a autorização, a
atividade mineradora afetará diretamente a vida dos Povos Mura, que vivem na
área há mais de 200 anos. A multinacional contribuirá na deterioração das águas
da região amazônica e afetará negativamente a vida dos povos indígenas do
território.
O empreendimento minerador, assim
como inúmeros outros grandes projetos implantados na Amazônia, promove a
degradação do bioma, reforçando o modelo
predatório de exploração, que é indiferente aos princípios básicos da
ecologia integral e agride o ser humano e às culturas tradicionais do território.
Questionado pelas lideranças indígenas e pelo Ministério Público Federal, a
empreitada está eivada de irregularidades, violando a Convenção 169 da OIT e
outros dispositivos legais.
O potássio é um elemento
essencial para a fabricação de fertilizantes necessários ao agronegócio. No
Brasil, a quase totalidade deste elemento (95%) é importada, tornando a
produção do insumo totalmente dependente dos países exportadores: Canadá,
Alemanha, Rússia e Israel. Somos o terceiro maior consumidor mundial desse produto
e o agronegócio dificilmente sobreviveria sem ele. Isso explica o grande
interesse pela extração de potássio nas terras indígenas, onde foi encontrada
grande jazida do minério.
Lideranças muras alegam que a
exploração do minério tem afetado terras que são vitais para a caça e outros
meios de subsistência das comunidades locais. Além disso, estudos demonstram
que substâncias iônicas do potássio são liberadas na atividade mineradora,
contaminando o solo e afetando as águas subterrâneas e superficiais. A contaminação
não afeta somente a localidade onde é realizada a mineração, mas, levada pela
correnteza, alcança regiões afastadas. A intervenção prejudica a vida aquática,
trazendo também efeitos nocivos para os seres humanos.
A escassez hídrica já é uma realidade vivida na Amazônia. Em cidades como Manaus falta água todos os dias. Grandes segmentos da população convivem com a precariedade dos serviços de abastecimento e a ausência do saneamento ambiental. As secas agregam dramaticidade a esta situação, difundido sofrimento e dor para todo o território. A atividade mineradora agrava ainda mais este cenário, pois deteriora as reservas hídricas e altera o ecossistema de áreas abrangentes das quais dependem muitas comunidades humanas.
A exploração do potássio é uma empreitada que contradiz todos os esforços empenhados no cuidado e na proteção da natureza. Apesar de mobilizarem frequentemente o discurso ambiental, as empresas, os poderes públicos e grande parte da sociedade ainda não o materializaram em ações concretas e em políticas públicas. Atuam de forma criminosa, lançando sombras sobre o presente e o futuro.
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