Em 1º de Maio celebramos o Dia dos trabalhadores e
trabalhadoras. Trata-se de uma comemoração internacional que remete às péssimas
condições de trabalho vividas pelos trabalhadores a partir do século XVIII, principalmente
XIX, com o avanço das indústrias na Europa e Estados Unidos. O dia 1º de maio
de 1886 foi marcado por grandes manifestações operárias nos EUA frente à
situação de penúria e exploração.
As reivindicações contemporâneas dos trabalhares ainda visam
à conquista de melhores condições laborais e a elevação da qualidade de vida
destas pessoas. Explorados e espoliados por um modo de produção que não
respeita os limites humanos, os trabalhadores enfrentam grandes dificuldades de
sobrevivência no mundo capitalista. A falta ou a precariedade de serviços
básicos como saneamento, transporte, saúde, educação, moradia e lazer tornam a
vidas deles excessivamente duras.
Nas últimas décadas recai mais um peso sobre as costas dos
trabalhadores, os desastres ambientais causados pela ação irresponsável do
homem sobre o planeta. É de conhecimento geral que as populações mais
vulneráveis são as maiores vítimas dos desastres socioambientais
contemporâneos. Esta população é constituída de trabalhadores e trabalhadoras exploradas
pelo sistema capitalista sedento de lucros. Agora, eles são os primeiros a
sucumbirem diante dos desastres ambientais de todos os tipos.
A escassez hídrica, a destruição provocada pelas enchentes,
a severidade das secas, o aumento da temperatura planetária, os desabamentos
urbanos e a ampliação da fome. Todos estes fenômenos atingem em primeiro lugar
os trabalhares que não possuem condições econômicas para escapar destas
tragédias. Assim, eles têm mais um motivo para sair às ruas e reclamar. Estas
reclamações tocam em um dos assuntos centrais da atualidade. A urgência de
mudança de modo de produção. A ideia é construir um sistema de produção mais
justo, sustentável, solidário e ético. Menos agressivo à natureza e menos
consumista.
Já havia estudos que apontavam para a necessidade de mudança
de paradigmas culturais por uma questão de justiça e ética. Mas ultimamente
esta mudança torna-se urgente por uma questão de sobrevivência. Diante desta
realidade, colocar-se do lado dos trabalhadores não é mais uma opção. Trata-se
de uma necessidade. A luta dos trabalhadores passou a ser uma questão
indispensável, pois estar do lado dos trabalhadores é estar do lado da
permanência da vida humana no planeta.
Para o sucesso desta luta é necessário também que os
próprios trabalhadores mudem de perspectiva, abandonando uma lógica
antropocêntrica e uma relação utilitarista com a natureza, assumindo uma
abordagem biocêntrica e uma relação de participação da natureza. Todas as
espécies de vida devem ser respeitadas e protegidas não porque são úteis para o
ser humano, mas porque possuem valor em si mesmas, merecendo sobreviver.
A luta dos trabalhadores sofre uma mudança significativa, pois ganhou uma abrangência inegável. A questão agora não é somente garantir os direitos trabalhistas perante as empresas, mas exigir que as empresas transformem a sua relação com a natureza como uma questão urgente, uma vez que estamos no meio de um colapso ambiental.
Amazonas Atual - https://amazonasatual.com.br/os-trabalhadores-e-os-desastres-ambientais/
IHU Unisinos - https://www.ihu.unisinos.br/639110-os-trabalhadores-e-os-desastres-ambientais
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