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Acre, Rondônia e Roraima assinam pacto pela Governança da Água

Foto: Valter Calheiros

Pacto atinge adesão de todas as unidades federativas do Brasil e visa aperfeiçoar a gestão de recursos hídricos e a regulação dos serviços de saneamento básico para a população.

Durante o 26º Fórum dos Governadores da Amazônia Legal, realizado na sede do governo do Amazonas, em Manaus, um marco significativo ocorreu na última quinta-feira, dia 9 de novembro: a coleta das últimas assinaturas do Pacto pela Governança da Água, articulada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Os estados do Acre, de Rondônia e Roraima aderiram ao documento.

Esse feito, tornou oficial a adesão de todas as unidades da Federação brasileira a essa iniciativa que busca aprimorar a gestão de recursos hídricos e a regulação dos serviços de saneamento básico, a fim de garantir água em quantidade e qualidade para os cidadãos presentes e futuros. 

O Pacto visa fortalecer a articulação entre os níveis federal, estadual e distrital para a gestão estratégica das águas no país. Com foco no monitoramento dos recursos hídricos e na regulação, a iniciativa propõe a governança, instrumentos de gestão e conhecimento sobre essa temática crucial para garantir um trabalho com sustentabilidade.

É um acordo voluntário, não implicando transferência de recursos financeiros entre os participantes, mantendo os repasses existentes entre a ANA e os estados conforme os contratos estabelecidos. Após a adesão, a ANA e as instituições estaduais e do Distrito Federal planejarão oficinas para definir temas prioritários e estabelecer um plano de ação, com reuniões anuais para avaliação do progresso das atividades.  

No âmbito desse pacto, a ANA compartilhará informações, metodologias e conhecimento para aprimorar políticas, programas e ações relacionadas à gestão de recursos hídricos, saneamento e segurança de barragens. 

Fórum das Águas

Enquanto isso, o recente Seminário do Fórum das Águas, sediado em Manaus, debateu a crítica situação do saneamento básico na região. O evento marcou um alerta sobre a necessidade de revisão na gestão dos serviços de água e saneamento, ressaltando que a privatização trouxe desigualdades sociais e acentuou a falta de acesso a serviços básicos. 

Segundo dados do Instituto Trata Brasil, um a cada cinco brasileiros não tem acesso à água potável e falta rede de esgoto para quase metade da população do Brasil. Entre todas as regiões, o Norte tem a menor taxa de acesso ao recurso hídrico tratado no país. Só no estado do Amazonas, 85% da população não tem coleta de esgoto e atualmente moradores de Manaus cavam poços na tentativa de encontrar água para beber na seca que assola a região.   

Durante a palestra Água e saneamento – gerenciamento de distribuição, captação e esgotamento, Pe. Sandoval Rocha, SJ, quem coordena o Fórum das Águas, comentou que a situação do saneamento básico em Manaus é um grave desafio que afeta diretamente a qualidade de vida e o meio ambiente na cidade. A falta de água potável nas periferias, a poluição dos igarapés devido ao descarte inadequado de resíduos, a ausência de esgotamento sanitário e os serviços de limpeza pública precários contribuem para um cenário de crise socioambiental. Acentua ainda, que a má gestão, mesmo em serviços privatizados, é evidente, com a população pagando caro por serviços de baixa qualidade, enquanto as empresas lucram. 

O jesuíta argumenta também que a privatização do saneamento em Manaus resultou na criação de categorias sociais distintas, onde o acesso a serviços básicos se tornou um marcador de cidadania. “Temos a consciência histórica que é uma privatização que está causando muitos problemas, deixando as periferias sem água e toda a cidade sem esgotamento sanitário”, disse ele.  

Este cenário reforça a urgência de ações conjuntas e novas soluções para superar desafios e garantir o direito à água potável e ao saneamento básico para todos os brasileiros, não apenas na região amazônica, mas em todo o país, foi a conclusão a que chegaram os participantes do Seminário.

Horizonte hídrico no Brasil

A jornada rumo a administração, preservação e fornecimento eficaz da água no Brasil, representada pela participação nacional no Pacto pela Governança da Água, é um passo crucial para garantir recursos hídricos sustentáveis para os cidadãos do país. Os desafios destacados na região amazônica no Seminário  Fórum das Águas demonstram isso. Ressaltam também a necessidade de esforços contínuos, cooperação e soluções inovadoras para lidar com os problemas de acesso à água e saneamento, garantindo uma melhor qualidade de vida para todos. 

Com esse Pacto, os estados que já assinaram se comprometem a compartilhar informações da administração pública em relação aos recursos hídricos, ao fornecimento de água para a população e até mesmo atender comunidades junto com o governo federal para melhorias de saneamento básico e implementações necessárias. Colaborações conjuntas com medidas estratégicas para mitigar as cheias e as secas também estão sinalizadas.

A expectativa dos estados é que eles consigam mais financiamentos com o governo federal para projetos relacionados com a água e que esses sejam liberados mais rapidamente. E da parte do governo,  é estimado o aumento da cooperação entre estados e a União para administrar o fornecimento de água, regular os serviços de saneamento e implementar políticas de segurança de barragens.

Além disso, a ANA fica responsável por analisar as questões técnicas de maneira mais macro, avaliando as prioridades e necessidades que os estados têm e em que grau de importância atingirá as comunidades. Também será possível acompanhar no site da ANA os recursos destinados para atender os estados.


Felipe Moura e Ana Lúcia Farias

Jesuitas Brasil PAAMhttps://paamsj.org.br/acre-rondonia

 

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