No mês de agosto usamos esse espaço para alertar sobre a
poluição que afeta a Amazônia. Em artigo intitulado “Poluição hídrica na
Amazônia” (18/08/2023), relatamos os diferentes tipos de poluição provocados pela
ação criminosa do homem, destacando a falta de cuidado sobre as águas. A
totalidade dos igarapés, assim como os rios que banham a cidade são agredidos cotidianamente
de diversas formas pela falta de esgotamento sanitário, pelo lançamento de
poluentes nos cursos d’água provenientes das indústrias, do comércio e das
residências.
Com ironia, a própria concessionária Águas de Manaus tem
contribuído para esta situação. O Ministério Público chegou a pedir a
condenação da empresa por poluição de igarapés (ATUAL, 30/08/2021). Ultimamente,
a responsabilidade da concessionária sobre a poluição das águas tem sido
exposta nas discussões sobre a Bacia Hidrográfica do Tarumã-Açu
(ATUAL, 25/09/2023). Ignorando a falta de esgotamento sanitário no bairro
Redenção, na zona centro-oeste de Manaus, a concessionária promove a poluição
do igarapé do Gigante, prejudicando o Lago do Tarumã.
É notável a falta de sensibilidade ecológica ou educação
ambiental, não somente por parte da população manauense, mas, principalmente,
por parte dos poderes públicos e a concessionária que são diretamente
responsáveis pela administração da cidade e pela promoção da qualidade de vida
da população. Nesse mês nos deparamos com outra modalidade de poluição, a
poluição atmosférica. Em setembro, várias vezes a fumaça dominou a cidade,
provocando incômodos e agravando doenças respiratórias.
Órgãos de monitoramento como o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade
de Manaus (Semmas) confirmam a gravidade da situação, indicando os lugares afetados
pelos incêndios criminosos, dentre eles destacando-se a cidade de Manaus, mas
também Autazes, Novo Airão e Iranduba. Segundo o Inpe, somente em setembro as
ocorrências já ultrapassam 6.500 casos no Estado do Amazonas.
As reações da população variam entre preocupação e
indignação, uma vez que esse problema não é novidade nessa época do ano.
Conscientes das ocorrências, os órgãos públicos deveriam se antecipar às ações
criminosas, combatendo os causadores desses delitos. Durante os episódios, a
visibilidade é comprometida em vários pontos da cidade, prejudicando não
somente o turismo e o comércio, mas também a qualidade de vida das populações.
Esses acontecimentos nos fazem refletir sobre os problemas
socioambientais agravados nos últimos anos pela ação irresponsável do homem.
Perdidos no meio da fumaça e sufocados pela poluição atmosférica, percebemos a
indiferença dos nossos gestores públicos e representantes políticos em assuntos
de tão elevada importância. Irresponsáveis no combate à pandemia, não
esperávamos comportamentos diferentes neste contexto.
Evitamos enxergar os sinais transmitidos pela natureza! Não
tiramos nenhuma lição da última crise sanitária que vivemos. Preferimos pensar
que a Pandemia foi um ponto fora da curva ou um acidente da natureza. Evitamos
perceber que todas essas crises são resultados do nosso estilo de vida pouco
sintonizado com os dinamismos ecossistêmicos e muito interessado em acumular
riquezas às custas da devastação do planeta. SOS Amazônia! SOS Planeta Terra!
Sandoval Alves Rocha
Amazonas Atual - https://amazonasatual.com.br/poluicao-atmosferica-em-manaus/
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