Nesta quinta-feira, 7 de Setembro, a Arquidiocese de Manaus
promoveu o 29º Grito dos Excluídos, em sintonia com as igrejas de todo o
Brasil. A iniciativa aproveitou a data da comemoração da Independência política
do Brasil para reivindicar dos poderes públicos a implantação de direitos
básicos que são ignorados em todo o território nacional. A violação desses
direitos tem gerado um exército de brasileiros desamparados e agredidos na sua
dignidade de pessoas e cidadãos.
O evento começou no Centro de Convivência da Família Padre
Pedro Vignola, com uma celebração eucarística presidida pelo Cardeal Leonardo
Steiner. Na ocasião, centenas de pessoas rezaram pelo Brasil, lembrando
diversas situações que afligem a população, como a falta de saúde, educação,
cultura, emprego, moradia, terra, saneamento básico, etc. Todas essas situações
afetam a qualidade de vida de milhares de brasileiros, enfraquecendo também a
democracia e a independência da nação.
Depois da celebração os participantes saíram em caminhada
até o Memorial do Cruzeiro – Cidade Nova II. Durante o trajeto, vários
pronunciamentos foram realizados destacando as demandas da população de Manaus.
Pegos de surpresa, os moradores da região foram levados a refletir sobre a má
gestão da cidade, que abandona a maioria da população em situações de
humilhação e privação.
Manaus, uma das cidades mais ricas do país, sendo situada no
centro geográfico da Amazônia brasileira, poderia ser um exemplo de cidade
sustentável, repercutindo uma mensagem de esperança, responsabilidade ambiental
e justiça para toda a nação. Infelizmente, não é isso que ocorre! A capital
amazonense padece por diversas chagas que muito atormentam o seu frágil corpo
social. Os gestores, tradicionalmente demonstram pouca preocupação pela vida da
cidade, se voltando principalmente para os próprios interesses.
A administração da cidade, que é conduzida pela lógica da
acumulação capitalista, comumente ignora as necessidades mais básicas da
população e não apresenta nenhuma sensibilidade ambiental. Em Manaus, os
poderes públicos geralmente dão as costas para o povo e para as belezas
naturais, tomando-as como inimigas a serem abolidas. A grande maioria dos
manauenses vive em locais inapróprios para moraria, sofrendo a falta de
saneamento básico, a precariedade do sistema de saúde e educacional, o
desemprego, a exploração trabalhista e a fome.
As juventudes manauenses não são adequadamente cuidadas e
valorizadas. Abandonadas pela sociedade, elas veem as suas potencialidades
desperdiçadas, escorrendo entre os dedos das mãos. Nessa situação se tornam
presas fáceis para o crime organizado e caem no desalento. O Grito dos
Excluídos, no entanto, busca ser um espaço de renovação das esperanças. A
iniciativa de ir às ruas vem da intuição de que juntos é possível fazer
mais do que sozinhos.
O Grito dos Excluídos é o grito daqueles que percebem que
sempre é possível fazer algo para melhorar a vida coletiva, mesmo quando a situação
não é tão favorável. Um grito pode despertar mentes e iniciar processos. É
preciso lutar por uma pátria verdadeiramente livre.
Sandoval Alves Rocha
Amazonas Atual - https://amazonasatual.com.br/grito-dos-excluidos-reivindica-direitos-basicos/
IHU Unisinos - https://www.ihu.unisinos.br/632195-manaus-grito-dos-excluidos-reivindica-direitos-basicos-artigo-de-sandoval-alves-rocha
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