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A poluição hídrica na Amazônia

 

O dia 14 de agosto é dedicado à reflexão sobre o problema da poluição, incentivando iniciativas individuais, coletivas e governamentais que venham abolir essa prática tão corriqueira entre nós. A Amazônia, com sua gigantesca biodiversidade cultural e biológica, também sofre com essa agressão. Muitos são os tipos de poluição presentes neste território, entre elas a poluição hídrica.

A poluição hídrica é aquela que afeta os corpos d’água, provocando alterações químicas, físicas e biológicas. Esse tipo de poluição é grave e é um dos motivos pelos quais muitos locais enfrentam crises de abastecimento. Além de limitar o acesso à água de qualidade, essa poluição desencadeia várias doenças, tais como diarreia, cólera e febre tifoide. Essa prática torna-se cada vez mais frequente na Amazônia.

Portadora de grandes reservatórios de água doce, a Amazônia tem sido impactada intensamente com a poluição hídrica. Diversos rios amazônicos sofrem cada vez mais com o aumento do garimpo ilegal, responsável pelo lançamento de mercúrio nas águas, prejudicando não somente as pessoas, mas também o ecossistema aquático e a biodiversidade envolvida. A ampliação do agronegócio na região, que lança mão de perigosos agrotóxicos, também colabora com a poluição hídrica, dificultando o equilíbrio socioambiental necessário para uma vida saudável.

Discute-se atualmente sobre as consequências da poluição invisível, que afeta os rios amazônicos de forma silenciosa. A Organização National Geographic Society aleta que o Rio Amazonas e seus afluentes sofrem com a presença de contaminação química, por agrotóxicos, microplásticos, produtos farmacêuticos e outros tipos de contaminantes. Há estudos provando que esse tipo de poluição afeta tanto o solo como os seres vivos.

Os rios são também afetados pelas poluições produzidas nos centros urbanos. O site independente InfoAmazonia mostra essa situação relatando as consequências da poluição hídrica na cidade de Manaus. Reportagem feita na capital amazonense frisa que “a maior cidade da Amazônia despeja quase tudo no rio”. A sua extensa malha de igarapés que corta a cidade se encontra totalmente poluída, recebendo poluentes tanto das moradias como das indústrias e até da empresa de saneamento.

Os serviços de esgotamento sanitário, realizados pela iniciativa privada, estão ausentes na maior parte da cidade, que possui mais de dois milhões de habitantes. Grande parte desses esgotos é lançada no Rio Negro e igarapés, deteriorando a qualidade das águas e a saúde das populações. A Aegea Saneamento, uma das maiores empresas privadas de saneamento do país tem obtido baixo desempenho nos serviços de esgotamento sanitário, colocando Manaus entre as piores cidades do Brasil, no ranking de saneamento.

Em junho desse ano, o estado de Rondônia ofereceu uma noticia esperançosa. O rio Laje, em Guajará-Mirim (RO) é o primeiro a ter direitos conhecidos por lei. O rio foi reconhecido como ente vivo e sujeito de direitos. A lei foi proposta pelo vereador e liderança indígena Francisco Oro Waran, que é líder do território indígena que cerca a região do rio Laje. Iniciativas como essa podem gerar uma mudança de paradigma, levando a uma reconciliação entre as cidades amazônicas e as águas da região.

Sandoval Alves Rocha




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