A Revista Nature Sustainability publicou resultado de
pesquisa realizada recentemente intensificando a preocupação daqueles que
buscam de alguma forma preservar a Amazônia e o meio ambiente em geral. A
pesquisa, que foi destaque na Folha de São Paulo (29/06/2023), alerta que o
impacto negativo da humanidade sobre biomas como a Amazônia tem efeitos mais
danosos do que aquilo que até hoje se esperava. Segundo os estudos, a
depredação da Amazônia que destruirá o equilíbrio natural das condições de vida
na região afetará irremediavelmente o território.
A pesquisa projetou a atuação simultânea de vários fatores
destrutivos, chegando à conclusão de que a Amazônia será devastada mais rápido
do que esperamos. Até então as projeções haviam sido feitas a partir da pressão
de fatores isolados, vislumbrando cenários já bastante preocupantes, mas nesta
nova pesquisa se considerou a atuação de vários fatores nocivos ao mesmo tempo.
Esta pesquisa parece mais realista, uma vez que há diversos fenômenos em curso
sem interrupção há séculos: desmatamento, mudanças climáticas, mineração,
garimpo, construção de hidrelétricas e outros.
Ao falar de ações destrutivas geralmente nos referimos às
intervenções de projetos elaborados fora da Amazônia para responder a
interesses externos, sejam nacionais ou internacionais. Essas intervenções
comumente degradam a região, afetando negativamente a sua sociobiodiversidade.
Os chamados grandes projetos industriais, rodoviários, hidrelétricos, mineradores,
agrários e agropecuários agridem a região e os seus povos, gerando
desigualdades, pobreza, genocídios, poluição, desmatamento e outras mazelas
conhecidas.
Mas há também ações orquestradas dentro do território para
responder a interesses individuais e corporativos com grande potencial de
destruição. Essas ações são pensadas pelas elites econômicas e até políticos
locais. Recebem apoio parlamentar e do poder público se transformando em
políticas públicas com alto poder de devastação ambiental. Em conexão com
forças exógenas, elas materializam ideologias e paradigmas obscurantistas.
Essas agressões internas ao território são as leis ambientais
que promovem a devastação da natureza, acordos entre empresários e políticos
visando beneficiar estes ou aqueles, privatizações ou concessões de bens
essenciais (abastecimento de água, esgotamento sanitário, educação, limpeza
pública), populismos, corrupções, omissões e prevaricações. A relação de
práticas agressoras à população e ao meio ambiente é extensa!
Vereador que tenta usar o poder legislativo para abolir
reserva florestal visando implantar área comercial é um caso recente de
agressão socioambiental. O vereador Diego Afonso (União Brasil) busca alterar
demarcação de Área de Proteção Ambiental (APA) Floresta Manaos, no bairro
Coroado, zona leste da capital amazonense, para construir um posto de gasolina.
O vereador é empresário ligado ao setor de combustíveis e tem gerado indignação
na população, não somente por promover a destruição da Amazônia, mas também por
estar tirando proveito particular de um cargo público.
O Projeto de Lei nº
582/21 foi aprovado na Câmara dos Vereadores com quase unanimidade,
mostrando a reduzida preocupação do parlamento com a preservação da floresta
amazônica. A cidade ainda passa pela ressaca de uma CPI mal administrada - CPI
da Águas de Manaus, que deixou os manauenses indignados com os parlamentares
por abandonarem as investigações depois de uma proposta feita pela empresa.
Vale dizer que o mesmo vereador comandava a Comissão Parlamentar de Inquérito que
favoreceu a concessionária com a omissão diante das irregularidades cometidas
contra a população e os bens públicos.
Entre intervenções externas e internas, a Amazônia é devastada
tornando mais difícil a vida no planeta.
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