Não foram poucas as reclamações contra a concessionária
Águas de Manaus ao longo do último fim de semana (21, 22, 23 e 24 de julho). A
falta de água foi noticiada por todos os meios de comunicações, afastando
qualquer tentativa de negação do ocorrido. As queixas dos moradores foram
direcionadas tanto à Concessionária quanto à Prefeitura de Manaus, que sustenta
o contrato desde o ano 2000. Também houve comentários indignados contra a
Ageman - Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de
Manaus, uma vez que ela não tem realizado o seu serviço de forma satisfatória.
As manifestações ocorreram principalmente na zona oeste, mas
o problema se estendeu pelas diferentes zonas da cidade, obrigando os moradores
saírem com galões à procura de água. No
bairro Petrópolis, zona sul, as pessoas conseguiram abastecimento somente em
uma torneira na calçada do CAIC (Centro de Atendimento Integral da Criança). Infelizmente,
não se trata de um problema isolado. Moradores das zonas norte e leste não
cessam as reclamações.
A boa imagem que a empresa procura construir pela força de
sua assessoria de comunicação não está resistindo aos fatos, uma vez que ela se
mostra deficiente em diversos aspectos. Os problemas mais corriqueiros são a
ausência de esgotamento sanitário e a falta de água em Manaus, cidade banhada
pela Bacia Amazônica; a maior bacia hidrográfica do planeta. Em uma de suas charges,
o Portal AM1 mostra o desespero da população que além de enfrentar o calor,
também tem que sobreviver com a falta de água nas torneiras.
As redes sociais expressam a revolta dos manauenses diante
da empresa, que pertence a um dos grupos empresariais mais poderosos do setor
do saneamento brasileiro, o grupo Aegea Saneamento. Um dos internautas
desabafa: “ultrajante uma empresa desse porte na capital que mais tem água no
mundo se dar o luxo de não ter meios de fornecer água por queda de energia em
pleno século 21”. Os serviços precários ou a total ausência deles perduram ao
longo de toda a concessão, principalmente nas periferias e lugares mais pobres
da cidade.
Sites de reclamações como Consumidor.gov.br e Reclameaqui.com.br
mostram a baixa qualidade dos serviços da empresa em Manaus. O site Reclameaqui.com.br
expõe as principais denúncias contra a Águas de Manaus, destacando-se as
cobranças indevidas, a má qualidade dos serviços, os valores abusivos, a demora
na execução e o mau atendimento do prestador de serviço. São práticas que falam
sobre a empresa, mostrando o seu modus operandi e forma como ela trata a
população manauara.
A Câmara dos Vereadores de Manaus (CMM) perdeu a
oportunidade de fazer um grande bem à cidade, ao finalizar, no mês passado, a
Comissão Parlamentar de Inquérito da Águas de Manaus sem investigar as
irregularidades cometidas pela empresa. Se os parlamentares tivessem feito o
seu trabalho, eles teriam melhorado os serviços que hoje é motivo de tanta
revolta. Omissas diante dos serviços precários, a Câmara de Vereadores de
Manaus, a Prefeitura de Manaus e a Agência Reguladora são hostilizadas pela
população indignada.
Essa situação parece não ter uma solução em curto prazo.
Enquanto o saneamento não for considerado direito humano, dificilmente haverá
uma mudança significativa. A empresa continuará dando as costas para a
população e o saneamento adequado seguirá como privilégio de poucas pessoas na
cidade que mais tem água doce no planeta.
Sandoval Alves Rocha
ONDAS Observatório: https://ondasbrasil.org/acoes-da-sabesp-desabam-com-plano-de-tarcisio-para-a-privatizacao/#Concession%C3%A1ria
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