A água é um elemento essencial para a manutenção da vida e dos ecossistemas do planeta. A falta dessa tem um impacto gigante na vida das pessoas, afetando sua saúde e seu desenvolvimento. Em 2010 a Organizações das Nações Unida (ONU), reconheceu o direito à água limpa e segura como um direito humano essencial para se gozar plenamente da vida e de todos os demais direitos.
Para o ano de 2023, o tema definido pela ONU para o Dia Mundial da Água – “Acelerando Mudanças – Seja a mudança que você deseja ver no Mundo” Esse é o tema definido pela ONU para o Dia Mundial da Água 2023, celebrado em 22 de março. O objetivo é discutir formas de acelerar mudanças para solucionar a crise global da água e do saneamento, além de propor que as pessoas sejam beija-flores na gestão da crise da água.
Há décadas existe o alerta sobre problemas relativos às questões ambientais no planeta, particularmente à água. Esse bem fundamental para todos os seres vivos sofre com ações que os humanos fazem no meio ambiente, como o desmatamento e a poluição do ar, da terra, dos igarapés, rios e oceanos. Como consequência, temos mudanças significativas nos ecossistemas e na biodiversidade, com a extinção de inúmeras formas de vida e a intensificação das dificuldades ao acesso à água potável. Assim, a Tribuna das Águas proposta pelo Fórum das Águas e parceiros para o Dia 25.03 das 9h as 11h na Praça da Polícia visa promover debate, reflexão e ação na perspectiva do cuidado com água, afirmando-a como direito humano e das criaturas, um bem comum; dom de Deus.
Os Direitos Humanos são direitos inerentes a todos nós independente de toda e qualquer diferença que nos marque. O direito à vida, à liberdade e à segurança são alguns direitos adotados pela ONU e seus Estados membros em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Segundo a ONU, existe no mundo por volta de 2,1 bilhões de pessoas – equivalente a quase dez vezes a população do Brasil – sem acesso a água segura e de qualidade no mundo. Um informativo publicado, em inglês, pelo Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos à Água expõe a relação entre a falta de acesso a água e a pobreza.
Ao ser reconhecido pela Assembleia Geral da ONU, o Direito-Humano à Água passa a ter caráter universal, ou seja, vale para todo mundo. Com isso a ONU procura promover um novo olhar sobre a questão, levando os Estados a pensar a questão da água por novas perspectivas.
Em alusão ao Dia Mundial da Água a II Tribuna das Águas é um espaço de fala importante para a construção do bem comum, fortalecendo o diálogo da sociedade Amazonense sobre a espoliação hídrica que a cidade de Manaus vive, desde a privatização
dos serviços de distribuição de água e esgotamento sanitário. Manaus passa por um processo de contrução de uma CPI. A CPI da Águas de Manaus pretende apurar supostas irregularidades da concessionária, tais como reajuste abusivo na taxa de esgoto, recapeamento precário em áreas onde foram realizados serviços, interrupções no fornecimento, entre outros problemas denunciados.
É preciso a sociedade discutir o assunto, e porque não em praça pública? “O lucro líquido de aumento de 93% nos últimos dois anos sobre uma arrecadação bruta de R$ 1,5 bilhão significa que a empresa está lucrando muito à custa do sofrimento da população e isso precisa ser repactuado pela Prefeitura”, afirmou Guedes.
O discurso da escassez mundial da água, perante as crescentes
demandas (agricultura, indústria e abastecimento doméstico), e os processos de
poluição e mudanças climáticas tornaram a Amazônia, o maior reservatório hídrico do planeta, objeto de atração no mercado global. Estes fatores, associados aos
problemas da gestão pública, desembocaram, no ano 2000, na privatização dos
serviços de água e esgoto de Manaus. Atualmente, é visível o cenário de precariedade desses serviços, colocando Manaus em uma desfavorável posição entre as
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grandes cidades brasileiras, a despeito do elevado crescimento econômico proporcionado pela Zona Franca de Manaus (ZFM), segundo Sandoval Rocha.
No que diz respeito a água, o Brasil é o país no mundo que possui o maior volume de água doce disponível, porém o recurso está distribuído de maneira desigual pelo território. Há mais água na região Norte e Centro-Oeste do país do que nas regiões Sudeste e Nordeste, que concentram a maioria da população.
A relação entre disponibilidade e distribuição é o ponto mais sensível da questão. O avanço da degradação do meio-ambiente com o desmatamento, a poluição dos solos e nascentes, em grande parte pela agropecuária e pela indústria, a oferta de água doce e limpa deve diminui. As crises de abastecimentos e o racionamento de água, cada vez mais comuns, são provas disso.
Vale lembrar que o Direito Humano à Água visa garantir a todos acesso suficiente, seguro, acessível e a valores sustentáveis para o uso doméstico. A ideia de uso irrestrito é descartada. A própria ONU chama atenção para o grande volume de água utilizado pela agricultura e indústria e alerta ao risco de escassez desse recurso no futuro, defendendo um esforço conjunto para a preservação e gestão adequada desse recurso.
A consequência é que vulnerabilidade hídrica e social caminham pari
passu. A propósito, a Encíclica Papal “Laudato Si’ é clara: “Não há
duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise
sócio-ambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para
combater a pobreza devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da
natureza (LS 2015, 139)”.
Referência:
Encíclica Papa Francisco - Laudato Si
KISHI, Sandra Akemi Shimada, “Acesso à água potável e ao saneamento básico como Direito Humano Fundamental no Brasil”, Temas Aprofundados do Ministério Público Federal, VITORELLI, Edilson (Org.), Salvador/BA-Brazil: Editora Juspodivm, 2014.
https://www.politize.com.br/agua-direito-humano/
Rocha, Sandoval Alves A luta pela água na Amazônia : desafios e contradições do acesso à água em Manaus / Sandoval Alves Rocha ; orientadora: Maria Sarah da Silva Telles ; co-orientadora: Angela Randolpho Paiva. – 2019
https://www.cmm.am.gov.br/cpi-da-aguas-de-manaus-avanca-na-cmm/
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