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A espoliação hídrica em Manaus

 

O Fórum das Águas realizou nessa sexta-feira (10/02/2023) uma Roda de Conversa sobre a espoliação hídrica na cidade de Manaus, reunindo entidades, organizações e lideranças que constituem o Coletivo voltado para a defesa do Direito Humano à Água e ao saneamento. A conversa foi pautada pela exposição da tese de doutorado da professora Carla Cristina Cavalcante, defendida em agosto de 2022, na Faculdade Autônoma de São Paulo – FADISP.

A estudiosa frisa que o termo “espoliação” foi cunhado pelo sociólogo Lucio Kowarick para designar a negação de direitos dos cidadãos nas cidades brasileira, por isso o nome “espoliação urbana”. Para a professora, a cidade de Manaus vive uma situação em que o poder público, assim como os empresários do mercado da água, violam um direito fundamental, obrigando a maior parte da população viver sem água potável ou com o fornecimento precário desse serviço essencial.

O evento também destacou a exposição de Marcela Vieira, Educadora Social, Economista e Agente da Caritas Brasileira. A educadora explicitou a interface da defesa das águas com a necessidade da gestão correta dos resíduos sólidos, frisando a importância de que os poderes públicos e a sociedade construam aterros sanitários adequados para a destinação e tratamento dos resíduos sólidos das cidades. Nesse sentido, ela trouxe à tona o desinteresse dos prefeitos e a ambição das grandes empresas em se apropriarem desses serviços, ignorando as questões socioambientais envolvidas.

Diversas lideranças se posicionaram frente à violação dos Direitos Humanos à água e ao saneamento em Manaus, criticando a privatização dos serviços realizada há mais de 20 anos. Ao longo da concessão privada, os serviços de esgotamento sanitário não foram ampliados, deixando mais de 80% da cidade sem o atendimento. Ademais, o serviço de abastecimento de água é de baixa qualidade e não chega às populações mais pobres da capital amazonense.

Outro aspecto destacado no encontro foi o fato de que os investimentos realizados terem sido feitos com recursos públicos, enquanto os lucros obtidos são apropriados pela concessionária. As tarifas elevadas cobradas pela empresa foram mencionadas na Conversa. Essas tarifas exorbitantes impedem que as populações mais pobres acessem a esses serviços básicos, deflagrando a violação dos direitos humanos.

O evento foi o primeiro de uma série de conversas que o Fórum das Águas pretende realizar, buscando esclarecer a população sobre o Direito à Água e ao Saneamento na cidade.

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