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Audiência Pública - Iranduba grita, não ao lixão!

Os rios, mananciais de água doce do Amazonas e as vidas de comunidades ribeirinhas inteiras do município de Iranduba, no Amazonas, serão afetadas, caso chegue esse aterro sanitário por lá. Há um grande temor no ar em perder plantações, terras e modificação do clima natural, no local, com um lixão que vai de Manaus. A luta que envolve manifestações, processos judiciais e o interesse de grandes empresários e políticos do estado ocorre há tempos e ainda não há conclusão definitiva. E pelo jeito há um descaso à posição contrária da comunidade a essa brutal agressão ao meio ambiente e as vidas que lá habitam. 

A instalação de um aterro sanitário precisa ser profundamente e amplamente discutida, estudada, pesquisada, analisada a fim de que se garanta a vida. Em novembro de 2021, apesar da obra estar sendo projetada desde 2017 pela empresa Norte Ambiental, no dia 27 de novembro, o Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (Ipaam) realizou uma audiência pública para apresentação dos Estudos e Relatórios de Impactos Ambientais (EIA/Rima) da construção. 

O EIA/Rima é uma das etapas que precedem a execução do empreendimento. O próprio município de Iranduba possui seu lixão, a 27km de Manaus, que está dentro de uma área protegida, funciona há mais de 16 anos no Km 8 da estrada que dá acesso ao Lago do Janauari, no município. O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) realiza inspeção periodicamente. E vem as questões: Se o lixão da cidade, já põe em risco a vida ambiental do local, porque não fazem o trabalho de melhorias nesse? Como que o município vai suportar o lixo de uma metrópole como Manaus? Eis alguns questionamentos que devem ser feito. E o foram feitos na última audiência que aconteceu no Domingo dia 22 de janeiro as 9h na EETI - Escola Estadual de tempo Integral do município, onde haviam mais 300 comunitários gritando não ao lixão, que não estavam sendo escutados. 

A previsão é de que o local receba até 3 mil toneladas de resíduos/dia, podendo incluir o descarte de lixo de outros municípios da Região Metropolitana de Manaus. 

Audiência anterior 

Na representação encaminhada com abaixo-assinado ao MPF (Ministério Público Federal) e a outros órgãos informou, naquele período que as comunidades de Paricatuba, Bom Jesus, Nova Esperança, Divino Espírito Santo, São José, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Novo Catalão e São Sebastião foram surpreendidas com uma audiência pública, em 27 de novembro de 2021, para implantar aterro sanitário de resíduos sólidos, vindo de Manaus, a Iranduba. Segundo a representação, a audiência foi realizada em Iranduba, no Centro de Educação Integral Maria Isabel Xavier Desterro, distante 33 quilômetros da Vila do Paricatuba e das demais comunidades que serão diretamente afetadas, onde existem escolas em condições de receber a reunião. 

Os moradores, até em dias atuais, ainda afirmam que comunidades da área possuem estrutura para divulgação do evento em uma rádio comunitária, não tem por que fazer um evento desse porte e de interesse de toda a comunidade sem que todos sejam informados. Os moradores afirmam que para projetos com potencial de causar significativa alteração ambiental é fundamental considerar o posicionamento dos que conviverão com os resultados da mudança. 

A empresa Norte Ambiental, responsável pelo projeto de implantação do aterro sanitário em Iranduba, contesta a versão das entidades que levaram o caso ao conhecimento do Ministério Público Federal. A assessoria de comunicação municipal informou que a audiência foi promovida pela Norte Ambiental e pelo Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), e contou com a presença de 200 representantes da sociedade, entre líderes comunitários, estudantes, pesquisadores e entidades sociais, além de conselheiros do Tribunal de Contas do Amazonas, da Assembleia Legislativa do Estado, do Ministério Público do Amazonas, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, de organizações não governamentais e da Prefeitura de Iranduba e suas secretarias. 

Audiência de Domingo 

 E mais uma vez, a comunidade do Iranduba é convocada a se mobilizar para evitar mais uma tentativa do mesmo intento, sem aviso prévio aos comunitários. Algumas faixas foram colocadas na estrada, longe dos ramais, informando a realização da audiência dai 22 de janeiro, Domingo. A Associação dos moradores convocou a todos e todas para a mobilização, caso contrário seria ínfima a presença da comunidade, dando a vitória a empresa. Todos e todas se mobilizaram para atos públicos chamando a sociedade civil que seria afetada para esta audiência pública em Iranduba. 

A mobilização tem se intitulado “Não ao Lixão”. Pelo jeito que estão andando as coisas, governo ignora a posição contrária das comunidades a essa brutal agressão ao meio ambiente e as vidas que lá habitam. O chamado era a permanecerem unidos, solidários e na luta em defesa do meio ambiente, em defesa da vida. 

E como atos de mobilização para chamar a comunidade do entorno participar da Audiência convocada para dia 22 de janeiro, foi feito uma agenda de ações que aconteceram assim: 
1. Manifestação com concentração na entrada do município de Iranduba para distribuir panfletos informativos com objetivo da conscientizar e convocar para Audiência Pública. Aconteceu dia 14 (sábado) as 8h em Iranduba – Estrada Manoel Urbano AM 070, no Portal da entrada do Cacau Pirêra 
2. Em Manaus Manifestação, foi caminhada na Avenida Eduardo Ribeiro até a Praça da Matriz, também, com o objetivo de convidar a população de Manaus para participar da Audiência Pública a debater sobre a destinação do lixo de Manaus e Região Metropolitana. Essa aconteceu dia 18 de janeiro (4a feira) as 14h No primeiro e segundo Ato foram entregues panfletos informativos sobre a real história que conduz a implantação desse aterro Sanitário. 

E toda a Sociedade Amazonense deve ter cuidados com os empreendimentos bilionários que afetam diretamente a vida natural, e toda espécie de vida existente no Planeta. Em tempos de crises climáticas o mundo inteiro volta o olhar para a Amazônia, responsável por grande parte do equilíbrio ecológico do planeta. Não dá para ficar só assistindo a banda da destruição capitalista passar. É preciso se mobilizar para frear, o tempo que for possível, até as forças defensoras da vida se esgotarem por completo, mas enquanto tiver um resistente, a luta deve continuar. 

A Audiência Pública sobre a Destinação final de resíduos sólidos - Aterro Sanitário de Resíduo em Iranduba aconteceu dia 22 de janeiro de 2023 ás 9h na EETI Maria Izabel Ferreira Xavier Desterro e Silva, Rodovia Carlos Braga KM 1, Iranduba. E mais uma vez, Moradores de comunidades e ramais do município de Iranduba (situado a 28 quilômetros de Manaus) repudiaram a instalação do aterro sanitário privado no km 19 da Estrada Manoel Urbano (AM-070), projeto da empresa Norte Ambiental Ltda, e que está sob análise do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), órgão responsável por conceder o licenciamento ambiental e estabelecer os prazos e normas para implantação do aterro. E que vale ressaltar , se mostrou parcial durante esta ultima audiência. 

O advogado José Roque Nunes Marques, que representa nove associações de produtores locais, em sua fala, fez memória o artigo 302 da Lei Orgânica do Município de Manaus e do Plano Municipal de Resíduos Sólidos de Iranduba, que, “cabe ao poder publico municipal a responsabilidade exclusiva sobre coleta de resíduos, o tratamento e a destinação adequada para os resíduos sólidos urbanos”. 

Esta foi a terceira audiência pública sobre o projeto, parte legal para autorização de funcionamento e cujo trâmite estava suspenso desde abril de 2022, pela decisão da juíza Aline Kelly Ribeiro Marcovicz Lins, na Ação Civil Pública n.º 0800023-17.2022.8.04.0110, proposta pelo Ministério Público do Estado do Amazonas, sob a alegação de ausência de processo licitatório, entre outras irregularidades. E foi retomada a partir de um pedido da Prefeitura de Iranduba pela derrubada da decisão liminar que suspendia o trâmite de licenciamento, inclusive as audiências. 

Na audiência a empresa declara que está investindo no município e sem utilização de recursos públicos e que, portanto, está desobrigada de passar por licitação. A Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre) informou, na audiência, que esse procedimento é feito sem concorrência pública a exemplo do que acontece em outros estados. Por ora, o IPAAM continua a análise de todo o processo, e deverá considerar o que foi apresentado pelos moradores na audiência. 

Referências 

http://jornalistasam.com.br/novosite/comunidade-repudia-instalacao-de-aterro-sanitario-durante-audiencia-publica-em-iranduba/ 

https://amazonasatual.com.br/comunidades-em-iranduba-am-querem-suspensao-de-licenca-para-aterro-sanitario/ 

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2013/01/lixao-ceu-aberto-e-inspecionado-em-iranduba-interior-do-amazonas.html 

https://www.acritica.com/moradores-pedem-fim-do-lix-o-irregular-de-iranduba-1.1919 

https://amazoniareal.com.br/especiais/o-aterro-de-iranduba/ 

https://revistacenarium.com.br/moradores-pedem-fim-do-lixao-irregular-de-iranduba-am-mau-cheiro-se-espalha-pela-comunidade/ 

https://www2.tce.am.gov.br/?p=55575

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