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Tempo de restauração!

Vivemos um tempo importante de revisão, aprendizagem e reconstrução. Todos os fatos apontam para essa direção. Precisamos aproveitar esse clima para favorecer mudanças profundas na nossa maneira de pensar e agir, alimentando sonhos e protagonismos positivos, mesmo diante das dificuldades que já vivenciamos ou podemos vislumbrar no horizonte.

Influenciada pelo cristianismo, nossa sociedade comemora as festas natalinas, tendo a oportunidade de atualizar o mistério da presença do divino através do nascimento de Jesus Cristo. A chegada de Deus através de um recém-nascido sugere uma mensagem de otimismo e alegria, mostrando que o divino não somente criou a humanidade, mas também quer permanecer junto dela.

Nascendo e permanecendo pobre durante toda a sua vida, esse divino participa da construção da história humana a partir das populações marginalizadas da sociedade. Escolhendo esse lugar, ele transmite uma mensagem de esperança para os últimos da sociedade, mas também indica um caminho a ser seguido para todos os homens e mulheres. Assim, ele resgata a humanidade começando pelos mais esquecidos, restaurando dignidades feridas pelos autoritarismos e por todo tipo de violência.

Trata-se de uma mensagem de reconstrução diante de muitos atos de destruição. Nesse ato de restauração, nós recordamos dos povos indígenas e negros atingidos pela discriminação e escravidão. Nós remontamos às populações das periferias e ocupações urbanas, marcadas pela pobreza e pela falta de serviços públicos. Nós nos fixamos nos moradores de rua, que perambulam sem destino pelas avenidas e becos. Ao nascer pobre e rejeitado, Jesus Cristo se solidariza com toda essa gente, projetando sobre toda a humanidade a esperança de um mundo diferente. A visita de Deus não deixou a humanidade incólume!

É tempo de restauração política! A partir dos esforços de todas as organizações democráticas, criou-se, durante o último período eleitoral, um cenário político favorável à reconstrução do país, que havia abandonado compromissos fundamentais com o meio ambiente, com o combate à fome e à pobreza, com a educação pública e com os trabalhadores. Resgatamos a esperança de sermos novamente um grande país, que busca superar as mazelas históricas causadoras de morte e sofrimento.

Neste novo ciclo recuperamos as expectativas de preservação e cuidado da Amazônia e dos seus múltiplos povos. Reavivamos a esperança de que serão levados em consideração os povos e biodiversidades do sertão, da caatinga, da Mata Atlântica, do Cerrado e dos Pampas. Os indígenas e comunidades tradicionais terão suas terras demarcadas, com a garantia de suas vidas e culturas. Os jovens poderão novamente começar e terminar a faculdade. A educação não será privilégio de poucos, mas será assegurada pela sociedade e pelo Estado, cuja principal função é cuidar do povo. E a saúde? A moradia? E o saneamento básico?

Percebe-se no ar uma sensação de mudança! A esperança domina o ambiente. Quiçá ela nos abra o espírito para engendrar mudanças significativas, pois elas acontecerão somente se nos envolvermos pessoalmente e nos dispormos para que elas ganhem espaço e concretude.

Sandoval Alves Rocha, SJ

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