28, 29, 30 e 31 de Julho
DA NOSSA AMAZÔNIA...
Abraçados em frente ao Rio Guamá, no grande encontro onde a diversidade que habita a
Panamazônia, os indígenas, negros, quilombolas, camponeses, ribeirinhos, urbanos, de gênero e faixa
etária dos 9 países da bacia amazônica: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana,
Suriname e Guiana Francesa, reafirmamos a viagem que há 20 anos, desde o Primeiro Encontro como
Fórum Social Panamazônico, começamos com a esperança de "Outro mundo possível". Não podíamos
imaginar que o mundo seria pior do que o mundo que conhecíamos na época.
Hoje, a Amazônia está no seu pior, devastada por governos para os quais a natureza é uma
mercadoria, e os direitos do povo não têm validade. Até hoje, nenhum governo tem garantido o pleno
exercício dos direitos dos povos amazônicos de defender a Mãe Natureza. Nesta situação, é necessário
chamar os movimentos sociais para apelar para a criatividade, aprender com seus erros e continuar a
luta.
O que percebemos ontem como ameaças são hoje realidades derivadas de um sistema de opressão
múltipla: patriarcal, racista, capitalista e colonial, que localizou a grande bacia amazônica como sua
mais recente fronteira de expansão, colocando em risco todas as formas de vida e aqueles que as
defendem. Sob a falsa premissa do desenvolvimento, o extrativismo - borracha, madeira, petróleo,
agroexportação, grandes barragens hidroelétricas e mega-mineração - avançou sobre os diferentes
territórios amazônicos, e foi inserido em modelos de conservação colonial, incluindo propostas de
mercantilização de elementos do bioma. Sob este pretexto, os territórios estão sendo militarizados,
os territórios comuns estão sendo saqueados para gerar lucros, e a desigualdade social e a violência
estrutural e factual estão se aprofundando para a pluralidade da população da região Panamazônica,
que hoje vê como toda a vida está sendo destruída e envenenada.
A atual crise climática e sua ameaça civilizacional, conseqüência do modelo de desenvolvimento, levou
o ecossistema amazônico ao ponto de não ter retorno, ameaçando a perda irreparável da floresta
tropical mais importante do planeta e lar de mais de 50 milhões de pessoas, juntamente com boa
parte da biodiversidade planetária. Se não pararmos esta tendência agora, amanhã será a morte da
região Panamazônica, vital para frear o aquecimento global e garantir a vida no planeta. O tempo está
se esgotando.
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