A transferência de obras realizadas com recursos
públicos para a concessionária tem sido uma prática comum durante a concessão
dos serviços de água e esgoto desde o ano 2000. São negociações que
favorecem a empresa, pois a eximem de fazer os investimentos
necessários nas áreas beneficiadas. Os recursos públicos envolvidos seriam
devolvidos aos cofres públicos, mas não há nenhuma informação detalhada e confirmada sobre
essa devolução.
Importa para a empresa que esse ressarcimento seja flexível, com uma duração indeterminada e taxas bem módicas, de forma a
beneficiar a concessionária. Geralmente, os recursos utilizados na construção dessas obras não retornam para o povo,
como foi o caso da estação de captação, tratamento e distribuição de água PROAMA, que custou quase 400 milhões de reais ao Governo do
Estado, mas este nunca foi ressarcido pela empresa. A concessinária se apropriou da obra gratuitamente, assumindo somente a resposabilidade de gerir e lucrar às custas da população das zonas norte e leste de cidade. O Estado investe com dinheiro público e a empresa lucra em cima do investimento. Ótimo negócio para a empresa, mas péssimo para a população, que paga o investimento do Estado e as tarifas cobradas pela empresa.
Fala-se de um convênio financeiro e fundo do
saneamento para mobilizar recursos, visando universalizar os serviços de
água e esgoto, mas tal iniciativa não é transparente e não tem nenhum tipo de
controle ou acompanhamento social. Tal
iniciativa legitima a falta de investimentos por parte da empresa, uma
vez que ela continuará evitando usar os próprios recursos para estender os
serviços à cidade.
Esta prática reforça a irresponsabilidade da empresa, que costuma esperar pelos recursos provenientes dos cofres públicos. Para a empresa, é mais uma oportunidade de lucrar sem fazer os investimentos necessários. Atualmente, o serviço de abastecimento de água é precário e deficitário nas periferias e comunidades mais pobres da cidade. Além disso, o serviço de esgotamento sanitário é inexistente na maior parte da cidade. O saneamento de Manaus está entre os piores do Brasil, segundo o Instituto Trata Brail.
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