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A tragédia das adutoras de água em Manaus

AADUTORAS ROMPIDAS EM TODA A CIDADE

Os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Manaus foram privatizados no ano 2000 de forma autoritária, sem a realização de uma consulta pública e apresentando graves indícios de suspeitas. O Edital de venda da Manaus Saneamento (Subsidiária da COSAMA) estava repleto de ilegalidades, por isso a negociação foi suspensa pelo Tribunal de Justiça do Amazonas pelo menos 5 vezes. A obsessão pela privatização era de tal intensidade que o governador da época Amazonino Mendes e o prefeito Alfredo Nascimento não desistiram da empreitada, apesar das visíveis resistências. 

Aqueles que lutaram contra a privatização tinham razão. Passando das duas décadas de privatização os serviços despontam sistematicamente entre os piores do Brasil, de acordo com ranking realizado pelo Instituto Trata Brasil, que avalia o desempenho do saneamento das cem maiores cidades brasileiras. Os órgãos locais de fiscalização e denúncias são unânimes em registrarem a precariedade dos serviços, principalmente nas zonas periféricas da capital amazonense. O catálogo de reclamações é extenso: tarifas excessivamente elevadas, falta de esgotamento sanitário, cobranças indevidas, violação do direito à tarifa social, interrupção do abastecimento, cortes durante a pandemia.... e a lista continua!

Aspecto notável na gestão privada do saneamento tem sido os rompimentos das adutoras em toda a cidade por falta de manutenção da empresa Águas de Manaus, representante do grupo empresarial Aegea Saneamento & Participações. O caso do bairro da Compensa II se transformou no símbolo da ineficiência da concessão. Em janeiro de 2013, a força da água arrastou três carros e invadiu as casas do local. Há situações espetaculares em que a mesma adutora se rompeu sete vezes, como foi o caso da Avenida Marciano Armond, no bairro da Cachoeirinha. Depois que o estrago já está feito a concessionária chega e ainda demora vários dias para realizar a conserto. Frustrada com a privatização, a população sofre sem medida.

Atualmente estamos sofrendo com o rompimento da adutora da Avenida Presidente Dutra, no bairro Santo Antônio, zona Oeste de Manaus. São dezenas de bairros afetados pela falta de água e outros transtornos causados pelo acontecimento. Moradores de outras partes da cidade aproveitam para denunciar a falta constante de água e criticam o descaso da empresa. A privatização mostra a sua cara, mas os poderes públicos estão surdos aos apelos da população. 

Tramita na Câmara dos Vereadores a tentativa de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a empresa que lucra às custas do sofrimento dos moradores. A CPI chega em bom momento para tornar transparentes os meandros da gestão privada do saneamento em Manaus. A informação e a participação serão sempre benvindas na nossa cambaleante democracia!


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